Para comemorar o final do #MêsShoujo em minhas colunas, vamos falar de um assunto que é de importante conhecimento para todos, sejam amantes de shoujo ou haters. Afinal para odiar tem que ter conhecimento de causa não acham?

Conhece aquele anime chamado Toradora? Então… Ele não é shoujo, isso mesmo! Você foi enganado a vida toda (ou não).

Todas as obras da Clamp são shoujo? Não! Aliás o Chobits que está voltando pela JBC agora, não é shoujo, é seinen (essa me pegou de surpresa). Então afinal, o que é shoujo? O que é essa tal de demografia que está no título?

A Tia Musa explica… Ou vai pelo menos tentar… (me corrijam se eu estiver errada… D: )

O que é Demografia?

A demografia, muito citada em algumas matérias, na verdade refere-se ao gênero demográfico dos mangás/animes. Como a demografia é uma área da ciência geográfica que estuda a dinâmica populacional humana, o gênero demográfico se foca em histórias/obras especificas para um grupo populacional. Alguns exemplos conhecidos são: shounen, seinen, shoujo, josei, etc. Temos também o gênero demográfico kodomo, porém não me focarei nele.

Shounen: Garotos jovens / adolescentes – Foco mais infanto-juvenil, trazendo temas procurados por eles, como aventura, lutas e ação. Ex: One Piece;

Seinen: Homens adultos – Foco mais maduro, com assuntos mais realistas, explorando de maneira mais “adulta” os temas do shounen: aventura, luta e ação. Ex: Gantz;

Shoujo: Garotas jovens / adolescentes – Foco mais infanto-juvenil, trazendo temas procurados por elas, como romance, aventura, cotidiano e relacionamentos. Ex: Red River – Shinohana Chie;

Josei: Mulheres adultas – Foco mais maduro, com assuntos mais realistas, explorando de maneira mais “adulta” os temas do shoujo: relacionamento, cotidiano e romance. Ex: Usagi Drop;

No Japão as revistas são especializadas em demografias, por isso independente do assunto que a obra tiver, se estiver em uma revista especializada de shoujo, será shoujo, mesmo que o assunto não tenha nada a ver com os temas que citei acima.

Devido a maioria das obras de revistas especializadas shoujo tratarem romance criou-se a ideia que tudo que é romance é shoujo, e tudo que é shoujo tem romance, mas isto está errado, pois como expliquei: a demografia de gênero do mangá vem da revista o qual foi publicada e nem sempre eles seguem à risca a ideia geral de tema para cada revista.

Afinal, algumas vezes o mangaká procura uma revista especializada em um gênero, mas é encaminhado para outra, pois a editora considerou que a história seria mais relevante para aquele gênero demográfico em específico.

E dessas ideias saem algumas loucuras como K-On! sendo Seinen (publicado na revista Manga Time Kirara).

É bem mais fácil entender isso quando pegamos um tema como exemplo. Veja abaixo:

Tema: Romance Escolar

Shoujo – Ex: Ao Haru Ride – Revista Bessatsu Margaret;

Shounen – Ex: Toradora – Revista Dengeki Daioh;

Ambos possuem como tema o romance escolar, porém por estarem em demografias diferentes, possuem gêneros diferentes. O primeiro é mais focado para o público jovem feminino e o segundo para o público jovem masculino, porém isso não impede que um público diferente do público-alvo possa ler e apreciar a obra. Somos livres para ler o que quisermos.

E só pra avisar, tanto shoujo quanto shounen pode ter ecchi, só vai ser explorado o ponto de vista e fetiche do público alvo.

Gostei da brincadeira. Então, vamos mais um exemplo:

Tema: Terror

Josei – Ex: Petshop of Horrors – Revista Missy Comics DX;

Seinen – Ex: Another – Revista Kadokawa Shoten;

Moral da História: Qualquer tema que seja, você consegue encontrar algo semelhante nas diferentes demografias, pois a demografia não limita o assunto que será tratado, apenas foca em um público-alvo em especial e desse enfoque que surge o gênero que chamaremos Mangá Shoujo, Shounen, Josei ou Seinen;

Por isso nem todo romance será shoujo e nem todo o shoujo terá romance escolar bobinho. Quer um exemplo? Temos a mangaká Shinohara Chie, conhecida como a rainha dos mangás shoujos de terror, todas as obras dela possuem um suspense na medida certa.

Alguns exemplos de mangás da Chie-sensei são Mizu ni Sumu Hana (Romance of Darkness), Akatsuki ni Tatsu Lion e Ryouko no Shinreijikenbo. Todas as histórias são envoltas de mistério, Mizu ni possui seres sobrenaturais, mistério, drama e lutas. Akatsuki já vem com morte, conspiração e aventura. Enquanto Ryouko conta com fantasmas, suspense e morte, bem história de terror mesmo. Pretendo falar mais desta autora e suas obras no próximo Preview Otaku de Abril.

Abaixo algumas editoras e suas revistas shoujos conhecidas:

Shueisha: Ribon, Ribon Original, Cobalt, Cookie, Cookie BOX, Margaret, Bessatsu Margaret, The Margaret e Deluxe Margaret;

Kodansha: Nakayoshi, Aria, Shōjo Friend, Bessatsu Friend, Dessert e The Dessert;

Shogakukan: Ciao, Chu Chu, Shōjo Comic, Betsucomi, Petit Comic, Cheese! e Pochette;

Shoujo é só para garotas?

Sei que ouvir isso de uma garota não dá muita moral para comentar, porém shoujo não é algo apenas para mulheres, muitos otakus homens já se deram conta existe muita qualidade e boas histórias entre as obras desta demografia, é só saber procurar algo do seu agrado. E shoujos que falam de romance escolar não são melhores ou piores que um mangá shounen com o mesmo assunto ou qualquer outro assunto!

Cada um visa agradar um público-alvo e dá pra conciliar ambos os gostos. No final, isso é o que realmente importa, saber conciliar e respeitar tanto o fã incondicional de shoujo, quanto aqueles que preferem não assistir este tipo específico de demografia. Viver é aceitar as diferenças, seja no nosso mundo otaku ou em qualquer outra área!

Espero que tenham gostado da matéria, aprendido nem que seja um pouco e melhorado um pouco a visão sobre o mundo shoujo (tão lindo), comentem o que acharam e vejo vocês na próxima matéria. Continuem aproveitando a Rádio J-Hero e seu conteúdo! (<3)

PS: Ajude a causa shoujo participando também da Campanha Shoujos no Brasil – Saiba mais aqui.